12 agosto 2019

O Vento me disse... #83 - O Príncipe corvo - Elizabeth Hoyt

12:30 12 Comments

O Príncipe Corvo
Autora: Elizabeth  Hoyt
N° de páginas: 350
Editora: Record
Trilogia:  Dos Príncipes  #01
Ano: 2017
Skoob: Aqui
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Ao descobrir que o conde de Swartingham visita um bordel para atender suas “necessidades masculinas”, Anna Wren decide satisfazer seus desejos femininos... com o conde como seu amante Chega uma hora na vida de uma dama... Anna Wren está tendo um dia difícil. Depois de quase ser atropelada por um cavaleiro arrogante, ela volta para casa e descobre que as finanças da família, que não iam bem desde a morte do marido, estão em situação difícil. Em que ela deve fazer o inimaginável... O conde de Swartingham não sabe o que fazer depois que dois secretários vão embora na calada da noite. Edward de Raaf precisa de alguém que consiga lidar com seu mau humor e comportamento rude. E encontrar um emprego. Quando Anna começa a trabalhar para o conde, parece que ambos resolveram seus problemas. Então ela descobre que ele planeja visitar o mais famoso bordel em Londres para atender a suas necessidades “masculinas”. Ora! Anna fica furiosa — e decide satisfazer seus desejos femininos… com o conde como seu desavisado amante.

   O Príncipe corvo é uma obra da autora Elizabeth Hoyt que no Brasil foi lançado pela Editora Record, a trama é o primeiro volume da trilogia dos príncipes - que possuem histórias diferentes e podem ser lidos separadamente e em ordens diferentes -, e apresenta um romance de época adulto bem sensual.

"Por que os homens acham que dizer algo em tom de voz mais alto o torna verdadeiro?"
    
Anna Wren é uma jovem viúva que ficou responsável pelas finanças da família depois da morte do marido, ao ver a mesma se esvaindo ela sente a necessidade de procurar um trabalho. É quando ela acaba indo trabalhar para o conde de Swartingham, Edward Raaf. O conde não é uma pessoa fácil de lidar e tem um gênio que faz todos os seus secretários irem embora assim que a primeira oportunidade aparece, quando ele encontra Anna como sua nova empregada, apesar do estranhamento inicial por ela ser uma mulher, ele percebe que ela não é como os outros.

    Com uma personalidade forte, Anna enfrenta o conde de cabeça erguida e ao perceber que o seu corpo também o deseja, decide fazer algo. Edward frequenta um bordel em Londres para satisfazer suas necessidades e ao descobrir isso, Anna decide ir ao seu encontro e satisfazer também as suas necessidades com ele - sem que ele saiba de fato quem ela é. Assim, os dois se relacionam e esse torna-se um segredo que pode prejudicar Anna profundamente, tanto por parte da sociedade como do próprio conde que de certa forma foi enganado por ela.

    Definitivamente o que mais gostei neste história de Hoyt foi o fato da autora criar uma personagem que percebeu suas necessidades e que da sua maneira, lutou para satisfazê-las. Anna não ficou esperando que o conde a cortejasse e isso é um diferencial nesse tipo de livro. Muitas vezes me peguei pensando o quanto devia ser ruim viver em uma época que se exigia o máximo de decoro para a mulher e o mínimo para o homem, ainda hoje é assim, mas quando paramos para analisar vemos que muita coisa mudou.
Já o mocinho, o que eu gostei foi perceber que apesar dela ser considerada inferior, ele a respeitou e de modo geral, acho que ele não foi daqueles protagonistas "ogros" que mais parecem vilões que mocinhos.

"Sua vida sempre havia sido restrita assim, com seus limites tão estreitos que às vezes parecia uma corda bamba? Será que ela nada mais era do que sua posição na sociedade?"

    A narrativa é em terceira pessoa e está dividida entre os protagonistas e alguns personagens, que narram de maneira breve e aparecem em momentos que são necessários para o desenvolvimento de algumas situações. Uma coisa que eu gostei foi os inícios de capítulos começarem com uma fábula contando a história do Príncipe corvo, e essa história meio que podia ser associada ao momento em que se passava à trama.

    Como o livro apesar de ser de época é voltado para um público mais adulto, possui cenas eróticas mais explicitas do que em outros livros do gênero, isso foi uma escolha da autora e que ao meu ver foi um trabalho bem feito. Acho que a única coisa que eu encaro como ponto negativo na trama foi a maneira como a autora desenvolveu algumas situações. Por exemplo: quando o conde descobre que foi enganado pela mocinha, ele ficou super bravo, eu pensei que ele iria demorar um pouco mais de tempo para perdoar, mas não, ele logo vai atrás dela e quer porque quer se casar com ela.  Depois acontece algumas coisas que tornam esse finalzinho da trama mais do mesmo. Sei lá, confesso para você que esperava mais do final, acho que pela capa e pelo que o enredo inicialmente apresentou, eu criei uma expectativa para um final mais cru, mais realista e menos doce.

"Como era empolgante falar  o que pensava sem se importar com a opinião de um homem!"

   O Príncipe Corvo tem em sua essência um enredo que poderia seguir uma curva diferenciada desse gênero, pois a autora Elizabeth Hoyt criou protagonistas com personalidades bem expressivas. Ela conseguiu isso até perto do final, quando ela decidiu seguir para o lado mais romântico da coisa e seguiu a linha previsível do gênero. Não foi uma escolha ruim, visto que a trama continuou boa, mas definitivamente sua escolha não permitiu que a trama se tornasse "única".  



05 agosto 2019

O Vento me disse... #82 - Como se fosse magia - Bianca Briones

10:00 0 Comments

Como se fosse magia
Autora: Bianca Briones
N° de páginas: 208
Editora: Gutemberg
Ano: 2016
Skoob: Aqui
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Eva nasceu com o dom de passar os sentimentos para o papel, com isso conquistou milhares de leitores pelo mundo. Agora ela precisa escrever o último livro da sua série de fantasia, mas está com um bloqueio há um ano e não sabe o que fazer.Enquanto ela tenta se reconectar a seus personagens, a vida coloca em seu caminho um homem igualzinho a um dos seus protagonistas.O problema é que o desconhecido surge sem nenhuma lembrança de quem ele é.Enzo está muito confuso. A princípio, ele duvida da conversa maluca de Eva. Mas, mesmo com seu ceticismo, ele não pode negar que se sente extremamente ligado a ela.O que isso quer dizer?Envolvidos por esse curioso e estranho mistério, Eva e Enzo estão prestes a descobrir que às vezes para que duas pessoas se encontrem mundos inteiros são capazes de colidir.

    Eva é uma jovem mulher que sempre se viu deslocada da realidade, tendo em vista que não era considerada normal, até por entes de sua família. Isso acontecia pelo fato dela se relacionar de uma forma bem profunda com personagens que ela mesmo criava. Com uma mente fértil, não era de se estranhar que ela se tornasse uma escritora de sucesso.

   Nossa protagonista se encontra em um período em que não consegue se conectar com seus personagens, justamente por estar enfrentando um bloqueio literário enorme que a faz não terminar a sua série de maior sucesso. É nesta série que se encontra o personagem Enzo, um homem encantador e cheio de qualidades que vai de saber vários idiomas até cozinhar.
 
    O fato é que um dia Eva presencia um assalto perto de sua casa e ao decidir ajudar o rapaz, que acaba perdendo a memória, encontra nele todas às características do seu personagem favorito. Assim, ao mesmo tempo em que Eva tenta saber quem é o estranho, ela tenta se conectar com seus personagens para assim terminar o livro, mesmo que isso faça o Enzo sumir na mesma velocidade em que apareceu.

"– Ah, que história maravilhosa. – Thiago suspira, apontando para as capas dos três primeiros volumes da série que preenchem sua parede. – Uma  escritora e leitora compulsiva que se apaixona por um cara que entra e sai dos  seus livros favoritos. Não é à toa que é sucesso." 

     Como se fosse magia da autora Bianca Briones - lançado pela editora Gutemberg - possui um texto simples e bem rápido de se ler, onde podemos conferir capítulos bem curtos, narrados em primeira pessoa e divididos entre os protagonistas. Considerado um chick-lit, o livro da brasileira traz novamente um ar mágico que tanto me encantou em Em suas mãos, outra trama da autora que li. Muitas vezes me pegava se perguntando o que aconteceria quando Enzo recobrasse a memória. Será que ele era de verdade? Esse aspecto da irrealidade e a mistura entre o mundo real e o dos personagens da Eva foi algo interessante da história.

     Como o enredo é bastante preso aos protagonistas, não vemos muitos personagens fora eles. O único que realmente merece ser mencionado é Thiago, o melhor amigo e agente de Eva. É muito bonito ver a amizade deles e como eles, apesar das experiências únicas e semelhantes, se completam.

"Pressiono a testa com uma das mãos, tentando ouvir meu coração. Tentando buscar as palavras que sei que vão me salvar, não apenas para cumprir o  prazo, mas para continuar vivendo em um mundo que eu não consigo compreender. Um mundo que parece ser tão distante de casa."
    Acredito que a coisa que pode incomodar (ou não) é a demora para os protagonistas se envolverem de fato, para mim isso não foi um problema pois eu adoro quando o autor situa bem a realidade para só depois partir para o romance, mais sei que muitos podem não gostar disso. O que me incomodou um pouco foi o tempo entre o momento em que os protagonistas começaram a se envolver e o desfecho da história, que ao meu ver foi muito curto e não pudemos acompanhar e ver mais os dois juntos, entendem?

"Não sei que força é essa que nos liga. Acho que às vezes,  para que duas pessoas se encontrem, mundos inteiros são capazes de colidir."

       Como se fosse magia não tem um enredo forte (o que é esperado tendo em vista o gênero que faz parte) que faça à história ser memorável, no entanto, ganha louros por nos levar à exercer nossa imaginação de uma maneira bem peculiar, afinal, quem nunca pegou se imaginando ao lado de seu personagem favorito de um livro ou dentro do universo que um autor apresenta num enredo? É bom saber que pelo menos a Eva conseguiu realizar o seu sonho.