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13 março 2017

O Vento me disse...#60 - Proibido - Tabitha Suzuma

20:00 20 Comments

Proibido
Autora: Tabitha Suzuma
N° de páginas: 304
Editora: Valentina
Ano: 2014
Skoob: Aqui
Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis. Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes. Eles são irmão e irmã. Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.

Meu primeiro contato com Proibido da Tabitha Suzuna foi em meados de 2013 através de uma tradução amadora em pdf realizada por um leitora brasileira. E mesmo a tradução não sendo 100% dava para notar que o livro não era só mais uma simples história, e foi um fato que ele me emocionou profundamente. Assim, como também foi fato que apesar de já ter o físico (lançado pela Valentina em 2014) há quase um ano guardado na estante, não tive a coragem de reler essa história... não até essa semana.

Tenho que adiantar que isso aconteceu não pelo livro ser ruim, muito pelo contrário. Proibido possui aquelas histórias que simplesmente terminamos e ficamos pensando naqueles personagens, no que eles passaram; sentimos o que eles sentiram, entende? Os "se's" continuaram na minha cabeça por muitos dias e me peguei diversas vezes me questionando como seria se tudo fosse diferente.

"Aos cinco anos ela já aceitou uma das mais duras lições da vida: que o mundo não é justo..."

O livro possui dois locutores que intercalam a narração. Maya e Lochan são os protagonistas, são irmãos, amigos, companheiros... são pecadores. Condenados por sentirem emoções que irmãos não deveriam sentir um pelo outro. Isso mesmo, vocês não entenderam errado, o livro aborda o incesto - o envolvimento sexual entre pessoas do mesmo sangue. Sei que muitos são mais sensíveis e de cara já devem parar por aqui e não vão querer saber nada, afinal, quando posto em realidade é absurdo e nojento uma coisa dessas, no entanto, se você decidiu seguir mesmo pensando assim (foi o que pensei também e ainda continuo pensando), preparem-se para acompanhar uma história dramática que vai além do certo ou errado. 

Maya está prestes a fazer 17 anos, Lochan está perto dos 18. Juntos eles cuidam dos três irmãos mais novos, da casa, dos estudos e deles mesmos. Filhos de um pai que os deixou há tempos e de uma mãe cada dia mais bêbeda e distante, os dois lutam para manter todos juntos e não em um instituição social do governo. As obrigações são muitas e a vida é complicada. Eles estão sempre no limite e acabam sendo afetados de alguma maneira. Seja como o Kit, filho do meio, que anda com quem não presta e sempre se rebela, seja como os menores Willa e Tiffin, que acabam sofrendo sem o carinho de mãe, seja como a Maya que por possuir obrigações de uma adulta não pode ser uma adolescente "normal" ou como o Lochan que acaba sofrendo de uma fobia social que o impede de se socializar na escola.

É nesse caos que os protagonistas acabam criando uma ligação que vai além do que se é permitido. Não foi algo planejado ou que foi logo percebido, foi algo que de repente estava ali. Por isso não pensem que foi fácil para eles aceitarem esses sentimentos que por diversas vezes foram negados. No entanto, as coisas chegaram a um ponto em que os dois já não conseguiam se ver da mesma forma que antes.

"O trimestre se arrastra. As obrigações são muitas, o tempo curto: os trabalhos continuam se acumulando, eu me esqueço de ir ao mercado, Tiffin precisa de uma calça nova, Willa precisa de sapatos novos, as contas a pagar vão se acumulando, mamãe perde de novo o talão de cheque. Como ela está se afastando cada vez mais da vida familiar, Maya e eu dividimos tacitamente as tarefas...".

É bem verdade que a trama não possui grandes reviravoltas e passa boa parte da história narrando o cotidiano dos irmãos que tentam sobreviver aos problemas, ao tempo em que veem o relacionamento deles mudarem. Por isso, adianto que não procurem muitas ações nesse volume e já esperem uma lentidão no começo da história. Apesar dessa demora inicial, quando o cerne da história começa a ser realmente desenvolvido é praticamente impossível parar à leitura.

Não quero entrar em questões morais e/ou religiosas por isso encarei a trama simplesmente como uma história de amor. Julguei menos, condenei menos e me emocionei mais! É como diz no livro, "como uma coisa tão errada pode parecer tão certa?". Queria que as coisas tivessem terminado de uma maneira diferente, mais sei que a beleza da obra está também no seu fim trágico (de deixar o  mestre dos amores impossíveis William Shakespeare orgulhoso).

"O que acabou de acontecer foi mágico, e ao mesmo totalmente natural, como se no fundo eu sempre soubesse que esse momento chegaria, embora nunca, nem uma vez se quer, tivesse me permitido pensar conscientemente nele, imaginá-lo sob qualquer aspecto".  

Sobre a edição da Editora Valentina eu gostei bastante. Ela possui uma diagramação simples e bem bonita, o início dos capítulos são bem legais e não lembro de ver erros de revisão ou tradução. As folhas são amareladas e a fonte do tamanho certo (nem grande e nem pequena demais). Ahhhh e o que dizer dessa capa? Maravilhosa!

Por fim, preparem-se para se emocionar, questionar, chorar, ter esperança, se revoltar, julgar... e aceitar que nem sempre as coisas acontecem como se é o esperado por você, por mim, pela sociedade. Quando assim o fizer, verá que as mais belas histórias de amor não só são aquelas dos casais "perfeitos" e dos felizes para sempre. Existe um lado imperfeito que também é intenso e que nos mostra que o sentir é a coisa que mais nos marca na vida, e que a morte é a responsável por eternizar ela.

Proibido já está eternizado e definitivamente é um dos meus livros favoritos!!!

05 janeiro 2017

O Vento me disse...#55 - Alma? - Gail Carriger

20:38 15 Comments

Alma?
Autora: Gail Carriger
N° de páginas: 308
Editora: Valentina
Ano: 2013
Série: O Protetorado da Sombrinha #1 
Skoob: aqui
Alexia Tarabotti enfrenta uma série de atribulações sociais, quiproquós e saias justas (embora compridíssimas) em plena sociedade vitoriana. Em primeiro lugar, ela não tem alma. Em segundo, é solteirona e filha de italiano. Em terceiro, acaba sendo atacada sem a menor educação por um vampiro, o que foge a todas as regras de etiqueta. E agora? Pelo visto, tudo vai de mal a pior, pois a srta. Tarabotti mata sem querer o vampiro ― ocasião em que a Rainha Vitória envia o assustador Lorde Maccon (temperamental, bagunceiro, lindo de morrer e lobisomem) para investigar o ocorrido.Com vampiros inesperados aparecendo e os esperados desaparecendo, todos parecem achar que a srta. Tarabotti é a responsável. Será que ela conseguirá descobrir o que realmente está acontecendo na alta sociedade londrina? Será que seu dom de sem alma para anular poderes sobrenaturais acabará se revelando útil ou apenas constrangedor? No fim das contas, quem é o verdadeiro inimigo, e... será que vai ter torta de melado? Uma das séries de Steampunk mais cultuada do mundo.
abe aquele livro que você conhece mais passa anos até que realmente tenha a oportunidade de ler? "Alma?" foi um desses para mim. O livro é o primeiro volume da série O Protetorado da Sombrinha e foi publicado no país pela Editora Valentina em 2013. O mesmo conta à história de Alexia Tarabotti, uma mulher - literalmente - sem alma que vive grandes situações em uma Londres Steampunk*. O curioso desse gênero e do livro, é que não se tem uma definição bem definida que poderia vir a classificá-lo. O livro pode ser considerado um histórico, adulto, sobrenatural ou melhor ainda, os três ao mesmo tempo.  Claro que isso só foi possível por causa da genialidade da autora Gail Carriger, que chamou atenção mundo a fora por sua originalidade e grande talento.

Se tem uma coisa que me chamou atenção neste livro foi o fato das criaturas sobrenaturais (vampiros, lobisomens, fantasmas) serem de conhecimento dos seres humanos "normais". Sendo a Alexia um caso a parte. Por fora ela era apensas uma descendente italiana, com uma cor mais escura e um nariz sobressaliente que a ajudaram a ser considerada pela sociedade, apenas mais uma solteirona. O que poucos sabiam é que além de possuir uma língua afiada, uma inteligencia elevada e um senso de humor no minimo peculiar,  a senhorita Tarabotti não era uma humana normal, pois lhe faltava algo, faltava alma. E isso meus caros, cabe destacar, tão pouco a fazia ser uma sobrenatural.

A nossa protagonista era apenas uma mulher a frente do seu tempo (época Vitoriana, século XIX) que por sua condição vivia normalmente entre os seres naturais e sobrenaturais, sem nunca ter se aproveitado de suas condições para atacar ninguém. Infelizmente, por uma situação que não estava nos seus planos, ela acabou matando um vampiro e com isso acabou entrelaçando sua vida de vez ao Lorde Maccon (represente do departamento de assuntos sobrenaturais) que a flagrou nesta situação. Por causa deste acontecimento, o mesmo decidiu ajudá-la a descobrir o que de fato aconteceu e paralelo a isso, começou a investigar os motivos de tantos seres sobrenaturais estarem desaparecendo. Ahhhh e é claro que a nossa heroína não ficaria de fora, né?

Algumas características da Alexia me lembram muito as mocinhas de romances de época, inteligentes e muitas vezes pouco agraciadas com a beleza, dessas que encontramos em histórias da Julia Quinn, Sara Maclean e Jane Austen. O mocinho apesar de ter uma característica  incomum - ser um lobisomem-, mantém elementos de um tipico protagonista ou seja; é viril, bonito, forte e quer proteger a mocinha. Sobre o romance dos mesmos, é bem verdade que pode ser considerado algo previsível, daqueles que produzem cenas de "tapas e beijos"- que devo confessar ser apaixonada - mais as situações que vivem e a sociedade que os cercam são totalmente diferentes, são novos para mim. Afinal, quem poderia imaginar vampiros infiltrados no alto escalão do governo, lobisomens na parte investigativa e fantasmas trabalhando para a rainha? 

Esse diferencial do livro foi algo que agradeci aos deuses. No meio de livros "mais dos mesmos" pude conhecer uma história que tinha elementos que gosto - como o romance, com direito a cenas bem apimentadas - e algo novo que eu pudesse admirar. Foi uma mistura de suspense, mistério e ação que me prendeu do início ao fim. Mesmo vampiros e lobisomens sendo personagens tão batidos atualmente.

A narrativa é simples e em terceira pessoa, mesmo assim conseguimos ver que a autora conseguiu demonstrar bem as características de cada personagem. O curioso é que apesar de ser uma série este primeiro volume possui um final sem pontas, com direito a epílogo e tudo. Não imagino outro final para ele e não posso imaginar o que deve vir nos próximos livros. Sobre a diagramação, revisão, capa e tradução? Nada a reclamar.

Por fim, indico Alma? a todos aqueles que gostam de romances, de seres sobrenaturais e de histórias de época. Indico para aqueles que gostam de um leve mistério e ação nas tramas e indico a você, que quer simplesmente algo novo, diferente. Te convido a conhecer o estranho mundo da Alexia Tarabotti. 

"O conde segurou o queixo da Srta Tarabott com uma das mãos enormes e, com a outra, puxou-a pela cintura, com firmeza em sua direção. Seus lábios tocaram os dela quase com violência.
Ela recuou. Só desse jeito você fica quieta."


"Steampunk é um subgênero da ficção científica que se tornou conhecido entre o fim dos anos 1980 e início dos anos 1990. O estilo se trata de obras ambientadas no passado, ou num universo fictício semelhante a uma determinada época real da história humana, onde os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na História real..." (Trecho retirado site InfoEscola, ver mais aqui).

08 outubro 2016

O Vento me disse...#51 - Minha Vida Mora ao Lado - Huntley Fitzpatrick

12:32 2 Comments

Minha Vida Mora ao Lado
Autora: Huntley Fitzpatrick
N° de páginas: 320
Editora: Valentina
Ano: 2015
Skoob: aqui

Os Garrett são tudo que os Reed não são. Barulhentos, caóticos e afetuosos. São de verdade. E, todos os dias, de seu cantinho no telhado, Samantha sonha ser uma deles, ser da família. Até que, numa noite de verão, Jase Garrett vai até lá e... Quanto mais os adolescentes se aproximam, mais real esse amor genuíno vai se tornando. Contudo, precisam aprender a lidar com as estranhezas e maravilhas do primeiro amor. A família de Jase acolhe Samantha, apesar dela ter que esconder o namorado da própria mãe. Até que algo terrível acontece, o mundo de Samantha desmorona e ela é repentinamente forçada a tomar uma decisão quase impossível, porém definitiva. A qual família recorrer? Ou, quem sabe, Sam já é madura o bastante para assumir suas próprias escolhas? Será que está pronta para abraçar a vida e encarar desafios? Quem você estaria disposto a sacrificar pela coisa certa a se fazer? O que você estaria disposto a sacrificar pela verdade?
Minha vida mora ao lado é um Young Adult lançado no país em 2015 pela Editora Valentina que foi finalista do Prêmio RITA como melhor romance de estreia. Eu confesso que esperava apenas mais um romance juvenil, na verdade ele é um romance juvenil mais que possui um elemento que torna à trama bem mais interessante e envolvente. Definitivamente é uma boa leitura.

O livro narra à história de Samantha ou simplesmente Sam. Uma adolescente que vê a sua vida mudar com a chegada da família Garrett. Na verdade, quando os mesmos chegaram na casa ao lado ela ainda era criança, sua mãe logo proibira que a sua irmã e ela tivessem contato com algum dos cinco filhos- que posteriormente seriam oito- do patriarca da família Garrett. Ela falava que eles pareciam com a família do seu ex-marido e pai das meninas- que acabou indo embora e nunca mais dera notícias. Assim, apesar de serem vizinhos, ambas às famílias nunca tiveram muito contato durante os anos. Até que um dia, Samantha, que criara à mania de observar à numerosa família de uma plataforma que ficava numa pequena seção plana do telhado do seu quarto, conhece Jase. Um dos filhos mais velhos, Jase, sabe que a vizinha costuma observá-los e um dia ele vai ao seu encontro. Ela fica surpresa, mais desse contato acaba tendo outros e de uma maneira impensada eles acabam criando um vinculo de amizade.

“Os Garrett eram proibidos desde o início.”

Depois Samantha acaba conhecendo os outros membros e percebe como eles vivem de forma diferente que a sua, ou seja, ela não tem problemas com dinheiro já os Garrett sim, ela sempre estudou em escola particular já os seus vizinhos estudaram sempre em escola pública. A casa deles parece sempre estar uma bagunça enquanto a dela é milimetricamente organizada. Enfim, mesmo com uma série de diferenças eles acabam se aproximando e não se afastando. Assim, tempos depois, Samantha acaba se envolvendo com o Jase, mesmo a mãe dela proibindo, e quando tudo parecia estar em normalidade, algo acontece, e a protagonista vê o seu mundo dar um giro de 360° graus. E isso afetará não só a sua vida, assim como a da sua família e a dos seus vizinhos numerosos.

Com uma narrativa muito bem desenvolta, Huntley Fitzpatrick, criou uma história que apesar de parentar ser comum nos dá uma série de questionamentos bem louváveis. A começar pelo julgamento dos valores pessoais e a maneira como o poder exerce influências na vida das pessoas. Este último vemos exemplificado na mãe da protagonista, na trama ela é uma deputada que fará de tudo para se reeleger. É ela também que será a responsável pelo grande dilema da trama- e posso adiantar para vocês que é algo que vai ser bem difícil para a Samantha digerir.

Falando na protagonista, apesar de viver- inicialmente - sempre aceitando o que a sua mãe impõe, gostei bastante dela. Ainda mais quando ela começa a caminhar, mesmo que a passos lentos, com as suas próprias pernas. Já sobre o Jase eu tenho que confessar que considero o mesmo como o mais cativante da história, afinal, mesmo com a pouca idade ele demonstra ter uma grande sensibilidade, paciência e maturidade.  Juntos, a Sam e o Jase descobrem o amor e a maneira como a autora desenvolveu isso foi de uma sensibilidade extrema. Tudo aconteceu com a pessoa certa e na hora certa.

"E, por muito tempo, essa era a garota que eu era. Aquela que observava os Garrett. Minha vida morava ao lado".

Ahhhh cabe apontar, rapidamente, que uma coisa me incomodou. A autora não deu a devida atenção para o desfecho da história da melhor amiga da Sam. Nam fez algo errado durante a trama que ao meu ver, merecia ter uma punição- e que não teve. Sem falar que ela terminou “brigada” com a protagonista. Enfim, é algo que não muda a história, entretanto, foi algo que me deixou com a sensação de coisas por terminar...

Por fim, eu gostaria de falar bem mais sobre o livro, entretanto, sinto que o melhor é parar por aqui. Por hora só posso dizer que o mesmo foi uma boa leitura. A narrativa em primeira pessoa foi a escolha perfeita, a diagramação e revisão estão boas e o enredo, mesmo que não tenha a pretensão de ser imbatível, é bem gostoso de se acompanhar- principalmente quando se aproxima do desfecho e surge um acontecimento que muda a vida dos personagens principais. 

Eu acabei me surpreendendo e acho que com você não vai ser diferente- assim espero pelo menos. Leitura indicada.

“Mas agora não sou mais aquela observadora. O que Jase e eu temos é real e vivo. Não tem nada a ver com o jeito como as coisas parecem ao longe e tudo a ver como elas são de verdade.”