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24 outubro 2016

O Vento me disse...#54 - O Teste - Joelle Charbonneau (Livro I)

01:00 9 Comments

O Teste
Autora: Joelle Charbonneau
N° de páginas: 320
Editora: Única
Ano: 2015
Skoob: aqui
No dia de formatura de Malencia ‘Cia’ Vale e dos jovens da Colônia Cinco Lagos, tudo o que ela consegue imaginar – e esperar – é ser escolhida para O Teste, um programa elaborado pela Comunidade das Nações Unificadas, que seleciona os melhores e mais brilhantes recém-formados para que se tornem líderes na demorada reconstrução do mundo pós-guerra. Ela sabe que é um caminho árduo, mas existe pouca informação a respeito dessa seleção. Então, ela é finalmente escolhida e seu pai, que também havia participado da seleção, se mostra preocupado. Desconfiada de seu futuro, ela corajosamente segue para longe dos amigos e da família, talvez para sempre. O perigo e o terror a aguardam.Será que uma jovem é capaz de enfrentar um governo que a escolheu para se defender?
Apesar de gostar de ler livros distópicos é um fato também que poucos são aqueles que não me decepcionam. Por isso, você não irá estranhar se disser que estava mais que desconfiada com O Teste, livro da autora Joelle Charbonneau que foi lançado pela Editora Única em 2014. Apesar dos meus receios me arrisquei na leitura e encontrei um enredo instigante, ou seja, um enredo que soube despertar e manter meu interesse até as derradeiras páginas.

O livro conta à história de uma jovem chamada Malencia Vale. Ela sempre teve o sonho de entrar para a universidade e se tornar uma grande líder para sua colônia (a menor de todas desde que a nação fora dividida no pós-guerra). Para chegar a tanto, Cia tem que passar primeiro pelo Teste- um programa criado pelo governo que seleciona a cada ano apenas os melhores alunos de cada colônia.
O pai de Cia já tinha participado do Teste só que não se lembrava de muitas coisas pois sua memória tinha sido apagada (assim como a dos demais participantes), no entanto, ele tinha sonhos e esses o faziam não desejar que a filha fosse escolhida para o programa, agora, quando acontece dela ser chamada (e não pode haver uma negativa) ele faz um alerta: não confie em ninguém.

Cia logo entende o porque do conselho do pai. O Teste não é apenas uma avaliação de quem poderia ser o melhor ou mais inteligente. Quem comete erros acaba pagando muito caro e quem consegue concluir o processo não se lembra de nada e nunca mais vê a sua família. Para sobreviver  -literalmente - ao Teste, Cia, terá que enfrentar várias etapas que se tornam cada vez mais difícil a medida que avança e tem que ficar de olho na concorrência, inclusive naqueles que dizem ser seus amigos, afinal, apenas 20 pessoas são aprovadas e, quem fica para trás não tem outra chance.

É bem verdade que num todo, a ideia do Teste não é tão original assim, afinal, não é a primeira vez que vejo um mundo dividido em colônias e que um grupo de jovens destas "acabem" tendo que lutar por suas vidas (vide Jogos Vorazes). No entanto, apesar do livro da Joelle ter um ou outro elemento que nos remete uma distopia já conhecida em nenhum momento deixa de ser algo novo, diferente e bom de se acompanhar.  

A narrativa do livro é voltada para o publico juvenil e em primeira pessoa, algo que gostei bastante. No entanto, confesso que a escrita da autora envolve muitas descrições e isso foi algo que me deixou confusa inicialmente. É até "normal" que isso aconteça tendo em vista que O Teste é o primeiro volume de uma trilogia e que por tanto serve como uma "introdução" ao mundo criado pela autora, são muitas coisas para o leitor assimilar. A verdade é que se por um lado temos mais detalhes das coisas, personagens, locais e situações e assimilamos mais o ambiente, por outro lado, a trama se torna mais lenta e um pouco demorada para engrenar.

Outro ponto positivo são os personagens criados pela autora, sinceramente gostei de todos. As características destes foram delineados de uma maneira correta e mostrados de acordo com as situações vividas por eles. Cia foi uma grata surpresa para mim. Ela foi real e natural durante todo a trama, ou seja, ela tinha seus sonhos como toda garota tem na idade dela e quando percebia que precisava fazer alguma coisa que ia contra aquilo que aprendeu, ela sentia medo (algo que algumas heroínas não demostram nos dias atuais).

Apesar da Cia possuir todos esses elementos favoráveis devo confessar que uma coisa me incomodou e acredito ser um ponto negativo da trama. A Cia se torna uma personagem perfeita demais, ou seja, ela não erra nunca, suas respostas e intuições sempre a levam pelo caminho "correto". Não sei se vocês me entendem, mais por exemplo: a Katniss de Jogos Vorazes para chegar onde chegou acabou errando algumas vezes e isso foi natural já que ela adentrava  num mundo totalmente diferente do seu, no entanto, no caso do Teste, a Cia sempre consegue se sair, brilhantemente, das situações complicadas. É um pouco crível para mim ver uma menina que mal começou a vida adulta, que não viveu muitas experiências e que veio de uma colônia super pequena consiga os feitos que ela conseguiu na trama.  Eu sei que quando analisamos o contexto do livro que pune, ás vezes com a própria vida, aqueles que erram, é "desculpada" essa pequena falha (já que se ela errasse poderia morrer) - agora, lá no fundo, continuo achando que a autora poderia ter criado uma maneira de induzir erros sem trazer grandes consequências para a protagonista, mais esse é outro assunto que não pretendo me ater neste texto.

Apesar deste último ponto não esperava gostar tanto deste livro como gostei, afinal, o livro nos faz pensar sobre o papel do líder na sociedade e o que as pessoas são capazes de fazer para chegar e se manter no poder. A trama também me fez refletir como viveríamos se tivéssemos uma outra guerra mundial e nossos rios, lagoas, florestas e solos fossem contaminados. Por fim, espero que a Joelli Charbonneau continue com uma história bem desenvolvida no segundo livro - Estudo Independente - e também espero continuar com boas opiniões a respeito. Por hora, sem grandes alardes, indico a leitura desta trama. 

" Não depois de tudo o que testemunhamos e as coisas que fomos forçados a fazer. Desistir seria como admitir que nada importou. E precisa importar. E precisa ser lembrado".
   

22 abril 2016

O Vento me disse...#43 - Veneno - Sarah Pinborough

15:17 12 Comments

Veneno
Autora: Sarah Pinborough
N° de páginas: 224
Editora: Única
Série: Encantadas
Ano: 2013
Skoob: aqui

Não existe felizes para sempre!Você já pensou que uma rainha má tem seus motivos para agir como tal? E que princesas podem ser extremamente mimadas? E que príncipes não são encantados e reinos distantes também têm problemas reais? Então este livro é para você! Em Veneno, a autora Sarah Pinborough reconta a história de Branca de Neve de maneira sarcástica, madura e sem rodeios. Todos os personagens que nos cativaram por anos estão lá, mas seriam eles tão tolos quanto aparentam? Acompanhe a história de Branca de Neve e seu embate com a Rainha, sua madrasta. Você vai entender por que nem todos são só bons ou maus e que talvez o que seria um final feliz pode se tornar o pior dos pesadelos! Veneno é o primeiro livro da trilogia Encantadas, e já é um best-seller inglês. Sarah Pinborough coloca os contos de fadas de ponta-cabeça e narra histórias surpreendentes que a Disney jamais ousaria contar. Com um realismo cínico e cenas fortes, o leitor será levado a questionar, finalmente, quem são os mocinhos e quem são os vilões dos livros de fantasia!


Gosto de intercalar bem as histórias que leio, por isso não é de se estranhar que do romance policial da Nora Roberts acabei parando na fantasia de uma releitura da história clássica da Branca de Neve. O escolhido da vez é Veneno, livro da autora Sarah Pinborough que foi lançado no país em 2013 pela Editora Única e faz parte da saga Encantadas.

Nunca fui de assistir a séries como Grimm e Once Upon a Time que mistura o lado fantasioso dos contos de fadas e o mundo "real", nem muito menos fui daquelas de ler as releituras feitas sobre os clássicos infantis (apesar de gostar de alguns filmes sobre). Veneno chegou a mim, como uma leitura pretensiosa, afinal, a proposta era a de mostrar que contos de fadas também são para adultos. Adianto que ao meu ver, a autora conseguiu fazer o proposto de uma maneira inicialmente previsível e com um final totalmente inesperado- e pouco explorado.

Logo na capa do livro existe uma frase de efeito: - Repense seus vilões. Essas três palavras me fizeram começar a leitura com o espírito mais complacente. Sabe, aquele espírito que nos fazem tentar enxergar, nos personagens, mais do que os seus atos maldosos? Onde procuramos analisar não os atos em si, mais sim o que levou as pessoas os cometerem? Então, com isso em mente tentei analisar Lilith, a rainha do coração de "gelo", que morre de inveja da Branca de Neve e faz de tudo para vê-la longe do castelo.

De uma beleza estonteante e de uma objetividade enorme, a rainha logo que tem a oportunidade, intimida a todos do reino. O curioso é que apesar de vermos que a maldade está instaurada no seu sangue de bruxa, também vemos as suas fraquezas- e são muitas delas. Confesso que gostei de ver uma rainha que apesar de querer a morte da Branca de Neve, se desesperou quando isso de fato ia acontecendo sem que ela tivesse planejado. Gostei de saber que ela não teve uma vida fácil quando criança e de que se casou por ser um arranjo- e não por ser um golpe ou por ganância. Nos momentos que a rainha mostrava o seu lado perverso eu só pensava que ela merecia tudo de ruim na vida e nos momentos que ela mostrava suas fraquezas, chegava a ter compaixão pelo seu destino. Ainda não descobri se sinto mais raiva ou pena dela- acho que ambos na medida.

"A que se devia essa necessidade de ser visto como benevolente? Se é para ser cruel então admita isso. Abrace isso. Qualquer outra coisa era apenas autoilusão e fraqueza."

Branca de Neve não se parece em nada com as mocinhas que estamos acostumados a ver. Ela continua generosa com todos a sua volta, sua beleza continua estonteante e sua natureza de enxergar sempre o bem das pessoas continua intacta, no entanto, as semelhanças param por ai. Em Veneno, a nossa mocinha é mais corajosa, livre, sem amarras e...bem saidinhaaaaaaa. Sim, isso mesmo, a autora introduziu na personagem um lado sensual, meio selvagem, que me surpreendeu bastante lá para o final do livro. Esse é um dos motivos para que essa pessoa que vos escreve se ache no dever de avisar, esse definitivamente NÃO é um livro para CRIANÇAS.

Outros personagens também não são nada comuns, os anões e principalmente o príncipe não são aqueles poços de bondade que tanto esperamos. Para se ter uma noção, terminei o livro simplesmente odiando o príncipe e acabei chegando a uma conclusão, a de que ele era um sapo definitivamente. hehe 
Já em relação ao caçador, fiquei com a sensação de que ele poderia ser mais explorado, o personagem tinha um "ar" que poderia render muito mais na trama, infelizmente, ele teve um final decepcionante e sua passagem, assim como no conto original, foi passageira

Agora, o que me incomodou drasticamente foi o fato de muitos pontos ficaram sem explicação ou foram pouco explorados. Afinal, o que aconteceu com o rei? A Branca de Neve termina daquele jeito? O príncipe vai ter aquele final? O que aconteceu com a rainha? O caçador tão experiente tinha que cair naquela armadilha? Ele vai ficar para sempre daquele jeito? Enfim, são muitos questionamentos sem respostas e que procurei não entrar em detalhes para não dar spoilers. Tenho a leve esperança que partes desses questionamentos possam ser respondidos em Feitiço- segundo volume da saga que aborda a releitura de outro conto infantil, o da Cinderela. Tenho essa esperança pois em Veneno vemos pequenos elementos das outras histórias, como o sapatinho da Cinderela que se encontra na posse da rainha má e a presença da famosa bruxa da história de João e Maria que é da família da Lilith.

“[...] – Somos todos animais. Todos respiramos. Nenhuma criatura é mais valiosa que outra. [...] –E nenhuma morte deve ser desperdiçada.”

Acredito que no final das contas a autora soube surpreender apesar de todos os pecados e, o grande mérito da obra da Sarah Pinborough foi me fazer repensar nos papeis dos mocinhos e vilões. Com estes últimos fui bem mais benevolente, e com os primeiros, julguei muito mais. Pude perceber que nem tudo é preto ou branco/8 ou 80. Enfim, o mais estranho é que apesar do livro ser mediano e de ter deixado muitas coisas sem explicação, ainda tenho a curiosidade de continuar com a saga. E é isso o que vou fazer o mais breve possível.